sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Como se constrói um veículo do futuro com ferro-velho







A resguardo da chuva pelo telheiro, estão dois… veículos, o expoente das suas criações. Um triciclo e um quadriciclo, inteiramente retirados do ferro-velho em peças que se juntaram ao longo dos meses, principalmente oriundas de bicicletas, dando origem a veículos com acelerador, travões, motores, baterias, piscas, luzes, rádio, assentos tirados de cadeiras de escritório. 

E funcionam! A electricidade! Veículos do futuro nascendo de lixo passado. 

“Com base na ideia de que temos que mudar o sistema a gasolina para sistemas eléctricos, eu fiquei muito feliz em obter uma coisa que me dá 25 km/h. É uma brincadeira que me satisfaz plenamente” comenta Sílvio Balhau enquanto liga a chave, saindo de casa com um veículo de cada vez para a rua, ali junto à sua porta. Enquanto os sinos da torre da igreja tocam e o sol espreita no fim de tarde, Sílvio passa silencioso e veloz impelido por dois motores recuperados de trotinetas japonesas. 

“São dois motores especiais de corrente contínua.Têm quatro escovas, dois pares de pólos. O meu único mérito é ter reparado e concebido o carro.” 

As baterias recuperadas, retiradas de computadores geram energia para 3 ou 4 quilómetros, mais do que suficiente para levar o reformado da EDP até ao centro de Taveiro, autorizado pelo comandante local da GNR que, à falta de legislação precisa sobre o assunto, não levanta objecções à sua circulação. As baterias esgotadas do quadriciclo, quatro de 12 amperes/hora em duas séries em paralelo, são suficientes apenas para 3 ou 4 minutos.

“As baterias são muito antigas. Lá para Abril, Maio,quando passar o Inverno compro baterias novas e já terei autonomia para 20 quilómetros. Por agora, vaidando satisfação e para as experiências vai dando muito bem.” 

Assim, aquela máquina terá que esperar até à Primavera, quando melhores dias chegarem e justificarem o investimento para o quadriciclo atingir maior autonomia. 

Por agora, vai falando com orgulho da sua criação: ” O acelerador é muito bem concebido! No fundo, é um transístor onde passeia um campo magnético. E, à medida que o campo magnético vai passando em frente ao transístor, vai-lhe mudando as características, o que permite depois o oscilador que vai comandar o motor em onda quadrada, dar a aceleração que eu quero.

Praticamente, a partir do zero, está no máximo.”

Sílvio Balhau tem-se conduzindo assim: dando tudo o que pode, à sua vida, à sua família e à arte de saber.

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